Morreu hoje, 09 de outubro de 2015, aos 89 anos de idade, o meu avô Rafael Crispim de Carvalho, membro de uma das principais famílias de pioneiros de São Miguel do Passa Quatro.
Rafael Crispim de Carvalho pertence a uma família de 9 irmãos. A irmandade se constituiu numa das primeiras famílias que vieram para ocupar, construir e fazer parte da história da povoação e surgimento da cidade de São Miguel do Passa Quatro.
Rafael Crispim de Carvalho, foi em toda sua vida um homem honrado, honesto, trabalhador e construtor de amigos. Em sua longa caminhada aqui na terra teve equilíbrio para vivenciar os melhores e piores momentos da vida de uma pessoa.
O Faé, assim como era cariosamente chamado, foi um grande fazendeiro, tinha grande quantidade de gado e outros animais, tinha carro, naquele tempo em que automóveis era raridade na região, morava na fazenda, mas também tinha casa na cidade.
Lembro-me também que em sua fazenda tinha um grande e bonito engenho de moagem de cana. Lembro também que o curral de gato e a larga de criação de porcos eram grandes e construídos com lascas de aroeira, como se fazia naquele tempo, todas fincadas uma ao lado da outra, era tudo bonito e bem feito.
Depois, com a doença e morte da sua esposa, minha vó Luzia, o meu avô Rafael ficou muito triste e passou por um tempo de grandes dificuldades, chegando ao ponto de vender praticamente tudo que tinha. Depois adquiriu um pequeno pedaço de terra na região água vermelha que também logo foi vendida.
Depois meu avô Faé mudou de vez para a cidade de São Miguel do Passa Quatro, comprou uma casa e ao lado dela montou um pequeno açougue de carne suína e junto também um pequeno bar. Nesta nova vocação ele trabalhou muito e passou por grandes dificuldades, às vezes faltava dinheiro, mas ele sempre firme dava um jeito e honestamente pagava todas as suas contas.
Neste meio do tempo, lembro-me de uma passagem engraçada que meu próprio avô gostava de contar e rir. Na cidade o meu avô me pediu para levá-lo na casa da minha mãe Dorinha, lá na fazenda mumbuca, eu estava aprendendo a dirigir, era uma moto XL 250, fomos bem, mas para voltar, na saída com ele já na garupa eu acelerava mas não soltava a embreagem, outra vez eu soltava e embreagem e não acelerava e a moto não saia do lugar, quando eu, acelerei e soltei a embreagem de uma vez a moto empinou e meu avô caiu de forma desprezada, minha mãe ficou muito preocupada mas ele não machucou nada e viemos tranquilamente de volta.
As dificuldades continuaram, mais o meu avô teve a firmeza, a coragem, forte sofrimento e grande amor e para velar e sepultar sua filha, a minha mãe, a Dorinha, como era carinhosamente chamada e junto sua neta minha Irmã Adriana de Fátima que morreram em um grave acidente no trevo da cidade de Vianópolis. Há pouco tempo ele perdeu também o filho Antonio Rafael. Depois as coisas serenaram, meu avô passou a viver da sua aposentadoria, morando com o caçula, o seu filho Joaquim Rafael.
O meu avô Faé ensinou todas as coisas importantes, coisas difíceis e coisas boas que um ser humano pode passar pela vida, foi exemplar, foi honesto, trabalhador e cheio de amigos.
Rafael Crispim de Carvalho foi casado com Luzia Barbosa e criou onze filhos: Maria José, Antonio Rafael, Afonso, Aparecida, Dorinha, José Crispim, Calisto Crispim, Carlito Donizete, Marli, Ozailda e Joaquim Rafael.
Da família Carvalho, do município constitui-se de nove irmãos pioneiros: Pedro Calisto, Avelino Calisto, Benedito Carvalho, João Calisto, José Calisto, Antônia Carvalho, Cacionila Carvalho, Rafael Crispim de Carvalho, estes já falecidos. Da irmandade está vivo o Joaquim Calisto de Carvalho.
Foi vontade de Deus que ele, meu avô Rafael Crispim de Carvalho nascesse, fizesse tantas coisas boas aqui na terra para depois voltar e viver na eternidade ao lado do pai. Autor da Mensagem: José Afonso de Aleluia (Zequinha Aleluia).