O Rota Jurídica – O Portal de Notícias Regionais, publicou uma entrevista com o advogado, escritor, ex-prefeito, sendo o primeiro de prefeito de São Miguel do Passa Quatro e atualmente eleito vice-prefeito da cidade, Dr. Élson Gonçalves de Oliveira.
Leia na íntegra a reportagem escrita por Marília Costa e Silva no dia 28/11/2012 e publicado no
Rota Jurídica.
Nascido em uma
fazenda no interior de Goiás, onde hoje é o município de São Miguel do Passa
Quatro, e vindo de uma família com poucos recursos financeiros o advogado Elson
Gonçalves de Oliveira teve muitas dificuldades para conseguir concluir os
estudos. Sem a ajuda de ninguém, sua trajetória estudantil sofreu várias
interrupções ao longo do tempo. Por isso, ele só conseguiu tornar-se advogado
depois de casado e com três filhos para criar.
Mas as
dificuldades não impediram que Elson conseguisse traçar uma carreira de muito
trabalho e reconhecimento. Depois de concluir a graduação, pela Universidade
Federal de Uberlândia (MG), ele tornou-se prefeito de São Miguel do Passa
Quatro. A trajetória como advogado foi iniciada em Vianópolis, também no
interior de Goiás, sempre dando prioridade à área de família, para onde
direcionava sua vocação.
Além da
advocacia, ao longo dos anos, Elson desenvolveu outro talento: o de escritor.
Ele começou escrevendo historiografias, contos e romances. Depois, partiu
também para os livros jurídicos. Confira a entrevista com mais um profissional
exemplar de Goiás:
Rota
Jurídica - Qual a maior dificuldade de atuar no interior do Estado?
Posso relacionar
algumas dificuldades, como, por exemplo, o fato de, no interior, a grande
maioria da população não tem recurso financeiro para contratar advogado,
servindo-se dos benefícios da assistência judiciária gratuita. Por causa disso,
normalmente os advogados do interior são sobrecarregados com alto volume de
nomeações dativas, para só receberem pelos serviços quantia irrisória, após
três ou quatro anos de encerrado o processo.
Os constituintes
que podem pagar honorários são minoria e têm poder aquisitivo baixo, não
conseguindo satisfazer nem o mínimo estabelecido pela OAB. A elite, por seu
turno, que poderia fazer a diferença no faturamento do profissional, prefere
advogados com maior status, com escritório na capital do Estado. Além do mais,
as comarcas estão sempre desprovidas de juiz ou de promotor de justiça, o que
dificulta a prestação jurisdicional.
RJ – Como
começou sua história com os livros?
Comecei
escrevendo historiografias, contos e romances. O primeiro livro foi São Miguel
do Passa Quatro – o nascimento de uma cidade, 1998; em seguida, Família Feliz,
1999; O Sino da Igreja, 2000; História de Vianópolis, 2000; Quem é Maria?,
2001; Açucena, 2002; Causos Incautos, 2004; Fazenda Mato Grande, 2005;
Cristianópolis – uma cidade que nasceu da fé, 2006; Esteio de Aroeira, 2006;
Ana Paula nos tempos da palmatória, 2007; O casamento de João Meu e outras
histórias, 2009.
O primeiro livro
jurídico, denominado “Adoção, uma porta para a vida”, foi editado em 2010, pela
Servanda Editora, em Campinas-SP; no ano seguinte, em 2011, foi lançado o livro
“Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado”; e em 2012, “A profissão de
advogado”, todos pela mesma editora.
Está sendo
editado ainda, e tem lançamento previsto para fevereiro de 2013, o mais recente
livro, intitulado “Direito de Família - a tutela da família na legislação
brasileira”.
RJ - Qual
a repercussão desses livros? Como é feita a divulgação de seus livros?
Os livros
literários tiveram divulgação puramente regional e são vendidos em livrarias,
especialmente de Goiânia. Os livros jurídicos são editados e divulgados sob
inteira responsabilidade da Editora Servanda, com sede em Campinas-SP. São
comercializados em todo o Brasil, através das principais livrarias jurídicas,
incluindo-se as de Goiânia e as do interior do Estado, e pelos principais sites
do ramo. Segundo o editor, os livros têm maior aceitação em São Paulo, Rio de
Janeiro e Curitiba, onde são mais divulgados.
RJ - Para
o sr. é importante para os advogados terem o hábito de ler esse tipo de
publicação ou, até mesmo, estarem sempre informados?
Entendo que é
dever do advogado preparar-se convenientemente: conhecer as leis, ter bom
desempenho no manuseio dos códigos, tornar-se estudioso e paciente pesquisador,
além de ser polido no relacionamento com o cliente. Assim, não só terá maior
segurança no trabalho que se propõe a desenvolver, como também poderá imprimir
melhor qualidade ao serviço colocado à disposição do cliente.
O mercado de
trabalho é competitivo, e a sobrevivência no exercício da advocacia está, na
maioria dos casos, na dependência do desempenho do próprio profissional. O
melhor agenciador de clientes para o advogado é o próprio cliente. Se bem
servido profissionalmente numa causa, será ele o primeiro a recomendar aos
parentes e amigos os serviços do causídico que o atendeu. O outro lado também é
verdadeiro: se insatisfeito, graciosamente se encarregará de disseminar a sua
contrariedade aos quatro cantos de seu meio de influência. E o final da
história poderá ser avassalador. Por isso, o maior investimento que o advogado
deverá fazer certamente será em si próprio, na atualização e no aperfeiçoamento
de seus conhecimentos, assim como no comedimento em sua relação com o constituinte.
RJ - O
sr. tem um livro sobre adoção. Fale um pouco sobre o tema e, principalmente,
sobre a dificuldade para se adotar uma criança no Brasil.
Muitos casais
procuram a adoção impelidos por pressões sociais ou porque não conseguem lidar
com o problema da infertilidade. É um erro. O filho por adoção não pode ser
idealizado como substituto de um filho que o casal não poderá gerar. Se isto
acontecer, a adoção certamente estará comprometida, pois o adotado passará a
ocupar um lugar imaginário de outro que deveria existir.
De qualquer
forma, quando o casal optar pela adoção de criança ou adolescente, precisará,
antes de tudo, ter a certeza de que está fazendo a escolha certa, ditada pelo
coração. É um passo muito sério e de grandes consequências. É um ato marcado
pela irrevogabilidade, significando isto que, uma vez consumado o processo de
adoção, não há como voltar atrás.
Ser pai e ser mãe
só tem sentido quando representar uma iniciativa do amor verdadeiro e
responsável. Ser pai e ser mãe é amar gratuitamente o filho, não importando se
sangue do próprio sangue ou fruto deliberado de uma adoção. Ser pai e ser mãe é
amar sem nada esperar em troca. É o amor sem limites. É a doação da própria
vida, se preciso for.
O certo é que
adoção, acima de tudo, é um grande ato de amor. Uma porta aberta para a vida.
Só adota quem está imbuído de enorme disposição de amar. Somente o amor explica
o fato de alguém dedicar inteiramente a sua vida a um ser estranho, que não
gerou nem pôs no mundo, e que, no entanto, empresta-lhe nova vida e o
transforma em filho com todos os direitos assegurados em lei, inclusive o de
receber afeto e carinho, e de suceder-lhe após a morte.
A grande
dificuldade de se adotar um filho no Brasil é imposta pela própria legislação,
que de certa forma se apresenta recheada de exageros. No entanto, como se trata
de um ramo bastante delicado do Direito de Família, com consequências muitas
vezes imprevisíveis, não vejo a lei como um entrave. Prefiro imaginar que o
legislador age com precaução, que a meu ver é a medida certa para nortear o
processo de adoção.
RJ - Fale
um pouco sobre a carreira do advogado, que é tema de um de seus livros.
O advogado é
indispensável à administração da Justiça. Atua como defensor do Estado
democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da
paz social, e a atividade do seu Ministério Privado subordina-se à elevada
função pública que exerce.
A advocacia é uma
profissão como outras tantas, em que o indivíduo poderá sobreviver dignamente e
realizar-se como pessoa, conquistando o fim almejado por todo ser humano, que é
a felicidade.
Os incessantes
conflitos pessoais e os constantes desafios da profissão fazem parte do dia a
dia do advogado, que aos poucos aprende a conviver pacificamente com todas
essas adversidades. Isso até contribui para que o profissional se veja na
obrigação de se tornar um eterno estudioso do Direito, da sociologia e das
questões teológicas, especialmente das que procuram explicar nossa origem,
nosso futuro e nossas ansiedades. É uma profissão digna para todos quantos
procuram ser dignos.
RJ -
Quais as dificuldades hoje para os profissionais?
Quanto às
dificuldades vivenciadas pelo profissional, na verdade observo que não são
maiores do que as encontradas em outras profissões. A experiência mostra que o
advogado vocacionado, que ama o Direito e procura notabilizar-se na arte de
prestar os melhores serviços advocatícios goza do reconhecimento da comunidade
e não lhe faltam clientes.
RJ - O
que o sr. espera do próximo presidente da OAB?
O que espero do
próximo presidente da OAB é, antes de tudo, compromisso e respeito pela
profissão de advogado e pela grandeza da nossa instituição.
RJ -
Fique à vontade para falar sobre outro assunto.
Observando a
evolução dos tempos e até mesmo do exercício da profissão de advogado, penso
que o profissional da advocacia deve investir constantemente em modernização do
escritório e no treinamento de seu pessoal. O escritório, mesmo que modesto,
deve ser criativo ao ponto de atrair a atenção do cliente. Muitas vezes,
modernizar-se não significa despender altas cifras em aquisição de máquinas e
aparelhos sofisticados. Basta criatividade na transformação do ambiente. É
interessante constatar que o cliente habituado a frequentar o escritório
percebe claramente quando alguma mudança, às vezes até insignificante, como um
quadro de parede, é implantada. O pessoal que compõe a equipe de trabalho, por
seu turno, deve ser bem treinado e afinado com os objetivos e as linhas
traçadas para o desempenho das atividades do escritório. É bom investir em
jovens talentos e em bons estagiários, a fim de revitalizar o aparelhamento
prestador de serviços jurídicos colocados à disposição da clientela.
Outro ponto é que
as mudanças acontecem muito rapidamente, inclusive na área de instrumentalização
para aplicação do Direito, devendo o advogado estar atento, para não ficar
obsoleto. É preciso, pois, administrar bem a tecnologia do escritório,
consultando sempre um bom técnico para auxiliar e analisar o custo-benefício
das aquisições que se tornarem necessárias.
Livros
publicados:
No campo
da literatura, publicou os seguintes livros:
- São Miguel do
Passa Quatro – o nascimento de uma cidade (historiografia –
dezembro/1998);
- Família Feliz
(formação familiar e religiosa – 1ª edição, dezembro/1999 e 2ª edição,
2012);
- História de
Vianópolis (historiografia – agosto/2000);
- O Sino da
Igreja (contos – dezembro/2000);
- Quem é Maria?
(formação religiosa – 1ª edição, 2001; 2ª edição, 2003);
- Açucena (contos
– dezembro/2002);
- Causos Incautos
(contos – junho de 2004);
- Fazenda Mato
Grande (romance), Goiânia-GO, 2005;
- Cristianópolis
– uma cidade que nasceu da fé (historiografia), Goiânia-GO, 2006;
- Esteio de
Aroeira (romance), Goiânia-GO, 2006;
- Ana Paula nos
tempos da palmatória (romance), Goiânia-GO, 2007;
- O casamento de
João Meu e outras histórias (contos), Goiânia-GO, 2009.
Jurídicos:
Adoção, Uma porta
para a vida – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2010;
Estatuto da
Criança e do Adolescente Comentado – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP,
2011;
A profissão do
Advogado – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2011;
Direito de
Família – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2013 (previsão para lançamento:
fevereiro/2013).