quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dr. Elson é entrevistado pelo Rota Jurídica



O Rota Jurídica – O Portal de Notícias Regionais, publicou uma entrevista com o advogado, escritor, ex-prefeito, sendo o primeiro de prefeito de São Miguel do Passa Quatro e atualmente eleito vice-prefeito da cidade, Dr. Élson Gonçalves de Oliveira.
Leia na íntegra a reportagem escrita por Marília Costa e Silva no dia 28/11/2012 e publicado no Rota Jurídica.
Nascido em uma fazenda no interior de Goiás, onde hoje é o município de São Miguel do Passa Quatro, e vindo de uma família com poucos recursos financeiros o advogado Elson Gonçalves de Oliveira teve muitas dificuldades para conseguir concluir os estudos. Sem a ajuda de ninguém, sua trajetória estudantil sofreu várias interrupções ao longo do tempo. Por isso, ele só conseguiu tornar-se advogado depois de casado e com três filhos para criar.
Mas as dificuldades não impediram que Elson conseguisse traçar uma carreira de muito trabalho e reconhecimento. Depois de concluir a graduação, pela Universidade Federal de Uberlândia (MG), ele tornou-se prefeito de São Miguel do Passa Quatro. A trajetória como advogado foi iniciada em Vianópolis, também no interior de Goiás, sempre dando prioridade à área de família, para onde direcionava sua vocação.
Além da advocacia, ao longo dos anos, Elson desenvolveu outro talento: o de escritor. Ele começou escrevendo historiografias, contos e romances. Depois, partiu também para os livros jurídicos. Confira a entrevista com mais um profissional exemplar de Goiás:
Rota Jurídica - Qual a maior dificuldade de atuar no interior do Estado?
Posso relacionar algumas dificuldades, como, por exemplo, o fato de, no interior, a grande maioria da população não tem recurso financeiro para contratar advogado, servindo-se dos benefícios da assistência judiciária gratuita. Por causa disso, normalmente os advogados do interior são sobrecarregados com alto volume de nomeações dativas, para só receberem pelos serviços quantia irrisória, após três ou quatro anos de encerrado o processo. 
Os constituintes que podem pagar honorários são minoria e têm poder aquisitivo baixo, não conseguindo satisfazer nem o mínimo estabelecido pela OAB. A elite, por seu turno, que poderia fazer a diferença no faturamento do profissional, prefere advogados com maior status, com escritório na capital do Estado. Além do mais, as comarcas estão sempre desprovidas de juiz ou de promotor de justiça, o que dificulta a prestação jurisdicional.
RJ – Como começou sua história com os livros?
Comecei escrevendo historiografias, contos e romances. O primeiro livro foi São Miguel do Passa Quatro – o nascimento de uma cidade, 1998; em seguida, Família Feliz, 1999; O Sino da Igreja, 2000; História de Vianópolis, 2000; Quem é Maria?, 2001; Açucena, 2002; Causos Incautos, 2004; Fazenda Mato Grande, 2005; Cristianópolis – uma cidade que nasceu da fé, 2006; Esteio de Aroeira, 2006; Ana Paula nos tempos da palmatória, 2007; O casamento de João Meu e outras histórias, 2009.
O primeiro livro jurídico, denominado “Adoção, uma porta para a vida”, foi editado em 2010, pela Servanda Editora, em Campinas-SP; no ano seguinte, em 2011, foi lançado o livro “Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado”; e em 2012, “A profissão de advogado”, todos pela mesma editora.
Está sendo editado ainda, e tem lançamento previsto para fevereiro de 2013, o mais recente livro, intitulado “Direito de Família - a tutela da família na legislação brasileira”.
RJ - Qual a repercussão desses livros? Como é feita a divulgação de seus livros?
Os livros literários tiveram divulgação puramente regional e são vendidos em livrarias, especialmente de Goiânia. Os livros jurídicos são editados e divulgados sob inteira responsabilidade da Editora Servanda, com sede em Campinas-SP. São comercializados em todo o Brasil, através das principais livrarias jurídicas, incluindo-se as de Goiânia e as do interior do Estado, e pelos principais sites do ramo. Segundo o editor, os livros têm maior aceitação em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, onde são mais divulgados.
RJ - Para o sr. é importante para os advogados terem o hábito de ler esse tipo de publicação ou, até mesmo, estarem sempre informados?
Entendo que é dever do advogado preparar-se convenientemente: conhecer as leis, ter bom desempenho no manuseio dos códigos, tornar-se estudioso e paciente pesquisador, além de ser polido no relacionamento com o cliente. Assim, não só terá maior segurança no trabalho que se propõe a desenvolver, como também poderá imprimir melhor qualidade ao serviço colocado à disposição do cliente.
O mercado de trabalho é competitivo, e a sobrevivência no exercício da advocacia está, na maioria dos casos, na dependência do desempenho do próprio profissional. O melhor agenciador de clientes para o advogado é o próprio cliente. Se bem servido profissionalmente numa causa, será ele o primeiro a recomendar aos parentes e amigos os serviços do causídico que o atendeu. O outro lado também é verdadeiro: se insatisfeito, graciosamente se encarregará de disseminar a sua contrariedade aos quatro cantos de seu meio de influência. E o final da história poderá ser avassalador. Por isso, o maior investimento que o advogado deverá fazer certamente será em si próprio, na atualização e no aperfeiçoamento de seus conhecimentos, assim como no comedimento em sua relação com o constituinte.
RJ - O sr. tem um livro sobre adoção. Fale um pouco sobre o tema e, principalmente, sobre a dificuldade para se adotar uma criança no Brasil.
Muitos casais procuram a adoção impelidos por pressões sociais ou porque não conseguem lidar com o problema da infertilidade. É um erro. O filho por adoção não pode ser idealizado como substituto de um filho que o casal não poderá gerar. Se isto acontecer, a adoção certamente estará comprometida, pois o adotado passará a ocupar um lugar imaginário de outro que deveria existir.
De qualquer forma, quando o casal optar pela adoção de criança ou adolescente, precisará, antes de tudo, ter a certeza de que está fazendo a escolha certa, ditada pelo coração. É um passo muito sério e de grandes consequências. É um ato marcado pela irrevogabilidade, significando isto que, uma vez consumado o processo de adoção, não há como voltar atrás.
Ser pai e ser mãe só tem sentido quando representar uma iniciativa do amor verdadeiro e responsável. Ser pai e ser mãe é amar gratuitamente o filho, não importando se sangue do próprio sangue ou fruto deliberado de uma adoção. Ser pai e ser mãe é amar sem nada esperar em troca. É o amor sem limites. É a doação da própria vida, se preciso for.
O certo é que adoção, acima de tudo, é um grande ato de amor. Uma porta aberta para a vida. Só adota quem está imbuído de enorme disposição de amar. Somente o amor explica o fato de alguém dedicar inteiramente a sua vida a um ser estranho, que não gerou nem pôs no mundo, e que, no entanto, empresta-lhe nova vida e o transforma em filho com todos os direitos assegurados em lei, inclusive o de receber afeto e carinho, e de suceder-lhe após a morte.
A grande dificuldade de se adotar um filho no Brasil é imposta pela própria legislação, que de certa forma se apresenta recheada de exageros. No entanto, como se trata de um ramo bastante delicado do Direito de Família, com consequências muitas vezes imprevisíveis, não vejo a lei como um entrave. Prefiro imaginar que o legislador age com precaução, que a meu ver é a medida certa para nortear o processo de adoção.
RJ - Fale um pouco sobre a carreira do advogado, que é tema de um de seus livros.
O advogado é indispensável à administração da Justiça. Atua como defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, e a atividade do seu Ministério Privado subordina-se à elevada função pública que exerce.
A advocacia é uma profissão como outras tantas, em que o indivíduo poderá sobreviver dignamente e realizar-se como pessoa, conquistando o fim almejado por todo ser humano, que é a felicidade.
Os incessantes conflitos pessoais e os constantes desafios da profissão fazem parte do dia a dia do advogado, que aos poucos aprende a conviver pacificamente com todas essas adversidades. Isso até contribui para que o profissional se veja na obrigação de se tornar um eterno estudioso do Direito, da sociologia e das questões teológicas, especialmente das que procuram explicar nossa origem, nosso futuro e nossas ansiedades. É uma profissão digna para todos quantos procuram ser dignos.
RJ - Quais as dificuldades hoje para os profissionais? 
Quanto às dificuldades vivenciadas pelo profissional, na verdade observo que não são maiores do que as encontradas em outras profissões. A experiência mostra que o advogado vocacionado, que ama o Direito e procura notabilizar-se na arte de prestar os melhores serviços advocatícios goza do reconhecimento da comunidade e não lhe faltam clientes.
RJ - O que o sr. espera do próximo presidente da OAB?
O que espero do próximo presidente da OAB é, antes de tudo, compromisso e respeito pela profissão de advogado e pela grandeza da nossa instituição.
RJ - Fique à vontade para falar sobre outro assunto.
Observando a evolução dos tempos e até mesmo do exercício da profissão de advogado, penso que o profissional da advocacia deve investir constantemente em modernização do escritório e no treinamento de seu pessoal. O escritório, mesmo que modesto, deve ser criativo ao ponto de atrair a atenção do cliente. Muitas vezes, modernizar-se não significa despender altas cifras em aquisição de máquinas e aparelhos sofisticados. Basta criatividade na transformação do ambiente. É interessante constatar que o cliente habituado a frequentar o escritório percebe claramente quando alguma mudança, às vezes até insignificante, como um quadro de parede, é implantada. O pessoal que compõe a equipe de trabalho, por seu turno, deve ser bem treinado e afinado com os objetivos e as linhas traçadas para o desempenho das atividades do escritório. É bom investir em jovens talentos e em bons estagiários, a fim de revitalizar o aparelhamento prestador de serviços jurídicos colocados à disposição da clientela. 
Outro ponto é que as mudanças acontecem muito rapidamente, inclusive na área de instrumentalização para aplicação do Direito, devendo o advogado estar atento, para não ficar obsoleto. É preciso, pois, administrar bem a tecnologia do escritório, consultando sempre um bom técnico para auxiliar e analisar o custo-benefício das aquisições que se tornarem necessárias.

Livros publicados:
No campo da literatura, publicou os seguintes livros: 
- São Miguel do Passa Quatro – o nascimento de uma cidade (historiografia – dezembro/1998); 
- Família Feliz (formação familiar e religiosa – 1ª edição, dezembro/1999 e 2ª edição, 2012); 
- História de Vianópolis (historiografia – agosto/2000); 
- O Sino da Igreja (contos – dezembro/2000); 
- Quem é Maria? (formação religiosa – 1ª edição, 2001; 2ª edição, 2003); 
- Açucena (contos – dezembro/2002); 
- Causos Incautos (contos – junho de 2004); 
- Fazenda Mato Grande (romance), Goiânia-GO, 2005; 
- Cristianópolis – uma cidade que nasceu da fé (historiografia), Goiânia-GO, 2006; 
- Esteio de Aroeira (romance), Goiânia-GO, 2006; 
- Ana Paula nos tempos da palmatória (romance), Goiânia-GO, 2007; 
- O casamento de João Meu e outras histórias (contos), Goiânia-GO, 2009.

Jurídicos:
Adoção, Uma porta para a vida – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2010; 
Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2011; 
A profissão do Advogado – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2011;
Direito de Família – Servanda Editora Ltda., Campinas-SP, 2013 (previsão para lançamento: fevereiro/2013).

Um comentário:

  1. Esse eu admiro! Homem íntegro e que sempre nos influenciou da melhor forma possível. Waber

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