Meu avô, Joaquim Tavares de Aleluia, In memória, viveu 86 anos, criou 12 filhos, se não foi o primeiro, foi um dos primeiros catequistas da zona rural de São Miguel do Passa Quatro. Deixou história que o tempo não vai apagar. Tinha a maestria de compor modas, recordo muito bem do zunido tin, tin, quin, tin, tin... da sua viola verde e da sua alegria nas festanças de folias. Ele compunha sempre embasado em fatos reais. Uma das suas modas que fez muito sucesso conta a história de um aparecido valentão que acabou domado a força pelos habitantes do Patrimônio de São Miguel. Leia na íntegra a moda escrita por volta de 1970.
O APARECIDO
1.º Patrimoi de São Miguel, no dia primeiro de maio, lá chegou um aparecido que deu muito trabaio. Ele era um negro estranho que ninguém não conhecia, chegou bancando um leão numa enorme valentia, passando medo no povo; muita gente até corria.
2.º Ele chegou no Felismino, foi entrano no salão, não disse adeus a ninguém subiu em cima do barcão. Aqui eu faço minhas barbas e tomo minha cachaça porque tou acostumado a fazer essas ruaças. Se alguém falar qualquer coisa eu tampo ele de fumaça.
3.º Ele mandou por uma pinga, deu pro Fernande beber. Cidadão, eu não tomo, eu vou lhe agradecer. Você bebe a pinga ainda que seja sem querer; eu buscando o meu revólver eu faço vós resorver. Você bebe essa pinga, se não quiser morrer.
4.º O Abílio arrespondeu: “revólver nós também tem, pois aqui aparecido não conta prosa a ninguém”. Quando ele disse essas palavras aparecido avançou, ele deu um salto pra traz e uma cadeira pegou, você vem se quiser morrer. Mas nessa hora ele afastou.
5.º Ele subiu lá pro Fefé num maior atrevimento, esse venderim não presta eu pulo o barcão pra dentro. Fefé assustou demais em ver essa voz moderna, ele correu lá pra dentro e o negro pegou sua lanterna. Ele cramô com voz sentida: “fiquei sem minha luzerna”.
6.º Do povo que estava lá, depressa foram saindo, na rua eles viu correr o Zé João e o Dorvalino, gritando por nossa senhora e o milagre do Divino. Vamos esconder depressa que esse homem é um assassino. Do povo que tava lá ficou o Inácio e o Avelino.
7.º Nigrim e o Gerardo Bino que passou mais apurado, levou eles pra pensão e eles já tinha jantado, fizeram comer demais até ficar meio prostrado, segundo quem me contou teve dó desses coitado, se os amigos não acode eles morria arrebentado.
8.º Teve dó desses dois homens, segundo quem me contou, uma dúzia de cerveja no mínimo eles tomou; foi na boca da garrafa nem copo não ocupou. Você não queira saber o medão que eles passou, reuniu os companheiros e desse negro ainda vingou.
9.º Reuniu os companheiros, foi o bloco arreunido, foi chegando e foi entrando e abafou o aparecido, os dois que entrou na frente Dorvalino e o Fefé, tirou ele pro terreiro a pescoção e ponta pé, agora você vai saber a religião como é que é.
R E C O R T A D O
Fizeram a delegacia eu achei muito engraçado, tenente é o Bendito Marra e o Sossó o delegado, Dorvalino e o Leonda esses dois era os sordado.
O APARECIDO
1.º Patrimoi de São Miguel, no dia primeiro de maio, lá chegou um aparecido que deu muito trabaio. Ele era um negro estranho que ninguém não conhecia, chegou bancando um leão numa enorme valentia, passando medo no povo; muita gente até corria.
2.º Ele chegou no Felismino, foi entrano no salão, não disse adeus a ninguém subiu em cima do barcão. Aqui eu faço minhas barbas e tomo minha cachaça porque tou acostumado a fazer essas ruaças. Se alguém falar qualquer coisa eu tampo ele de fumaça.
3.º Ele mandou por uma pinga, deu pro Fernande beber. Cidadão, eu não tomo, eu vou lhe agradecer. Você bebe a pinga ainda que seja sem querer; eu buscando o meu revólver eu faço vós resorver. Você bebe essa pinga, se não quiser morrer.
4.º O Abílio arrespondeu: “revólver nós também tem, pois aqui aparecido não conta prosa a ninguém”. Quando ele disse essas palavras aparecido avançou, ele deu um salto pra traz e uma cadeira pegou, você vem se quiser morrer. Mas nessa hora ele afastou.
5.º Ele subiu lá pro Fefé num maior atrevimento, esse venderim não presta eu pulo o barcão pra dentro. Fefé assustou demais em ver essa voz moderna, ele correu lá pra dentro e o negro pegou sua lanterna. Ele cramô com voz sentida: “fiquei sem minha luzerna”.
6.º Do povo que estava lá, depressa foram saindo, na rua eles viu correr o Zé João e o Dorvalino, gritando por nossa senhora e o milagre do Divino. Vamos esconder depressa que esse homem é um assassino. Do povo que tava lá ficou o Inácio e o Avelino.
7.º Nigrim e o Gerardo Bino que passou mais apurado, levou eles pra pensão e eles já tinha jantado, fizeram comer demais até ficar meio prostrado, segundo quem me contou teve dó desses coitado, se os amigos não acode eles morria arrebentado.
8.º Teve dó desses dois homens, segundo quem me contou, uma dúzia de cerveja no mínimo eles tomou; foi na boca da garrafa nem copo não ocupou. Você não queira saber o medão que eles passou, reuniu os companheiros e desse negro ainda vingou.
9.º Reuniu os companheiros, foi o bloco arreunido, foi chegando e foi entrando e abafou o aparecido, os dois que entrou na frente Dorvalino e o Fefé, tirou ele pro terreiro a pescoção e ponta pé, agora você vai saber a religião como é que é.
R E C O R T A D O
Fizeram a delegacia eu achei muito engraçado, tenente é o Bendito Marra e o Sossó o delegado, Dorvalino e o Leonda esses dois era os sordado.
- Os erros de grafia faz parte da íntegra da moda de Joaquim Aleluia que partiu para a vida eterna no ano de 1993.
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